ABRAFIRGA
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CONTATO


ARTIGOS
O SELO RELIGIOSO E SEU COLECIONISMO

Angelo Zioni

Ao tratar do selo "religioso" fazemos, de início, abstração de qualquer vinculação confessionale assim, malgrado o colecionismo "religioso" predomine hoje, em países de civilização cristã, nem por isso os próprios mentores desse colecionismo pretendem exclusivismos ou defendem preferências na "religião colecionada. Este preâmbulo se torna imprescindível quando pretendemos apresentar, aos filatelistas, uma idéia do que vem a ser, exatamente, essa modalidade no multifário colecionismo que hoje caracteriza a Filatelia".

Imprescindível porquanto, além da preponderância cristã, nota-se, de modo geral, maioria "católica" entre esses colecionadores e, portanto, nas organizações que reúnem esses aficionados . Tanto mais que, as organizações então surgidas para reunir os "colecionadores religiosos" foram todas elas instituídas, pelo menos, por religiosos dessa confissão. Hoje, malgrado continue, na maioria, entre católicos, a direção dessas organizações, o ecumenismo religioso não deixa de presidir a todas as manifestações que se fazem nos meios gabrielitas.

O Gabrielismo e a Filatelia

Não obstante o aparecimento de leves referências a selos "religiosos" se deva ã imprensa italiana, logo nos primeiros anos do século, as primeiras manifestações expressas sobre o assunto foram feitas em periódicos especializados de Filatelia.
De positivo, no entanto, tivemos inicialmente o trabalho do belga Victor Gisquiére e do francês Estevão Strowski, divulgado, tanto nas páginas do tradicional L'ECHO DE LA TIMBROLOGIE, DE Amiens (França), como no livro editado título "Inspiração Cristã na Filatelia", a obra revela, para a época, notável esforço de pesquisa.

Seguindo-se aos artigos Gisqueére-Strowski, iniciados em 1920, já em 1924, o alemão Heinz Werner Rosmunde publica um trabalho sobre "Religião e História da Igreja nos Selos Postais" que é divulgado pela revista "Ilustriertes Briefmar-kenjournal."

Em Paris, no ano 1926, com prefácio do Cardeal-Arcebispo Verdier, é colocado à disposição dos colecionadores o Álbum Filatélico "organizado por Madame Scheideiker: pequeno, formato horizontal, impresso a duas cores, com pequenas notas explicativas acompanhando os selos que eram impressos num ótimo trabalho offset".

Enquanto as primeiras publicações eram feitas, dois sacerdotes franciscanos alemães (que aliás viveram certos tempos no Brasil), iniciavam os trabalhos de classificação de todos os selos religiosos enquanto dirigiam os primeiros grupos de colecionadores dedicados ao selo cristão (Clemente Anheuser e Gabriel Schmidt).

Em 1936 Paris vê surgir, em obra de Robert-Scheideiker , "O selo através da Arte Religiosa - Álbum Filatélico", assunto que sem dúvida seria ampliado, anos depois, na coleção "Enciclopédia Pinturesca" das Editions Internationales, com "A Arte Religiosa da Filatelia", de André-Gouly e Henri Leroy (1950).

Com o trabalho dos referidos franciscanos aumentava o número dos colecionadores "religiosos" e surgiam, vez por outra, sobretudo nas imprensas especializadas alemã e austríaca, artigos e opúsculos que se apresentavam quais verdadeiros catálogos e guias para os incipientes temáticos religiosos. Até que, em 1940, surge a primeira grande edição de uma obra geral:
"Die Christliche welt im markenbild".

Com autoria do padre Clemente Anheuser e que logo teria dificuldades com a polícia-política alemã. Esta acabaria por confiscar a obra que somente voltaria a ser divulgada, em várias edições, a partir de 1950, sempre com o mesmo título. "O Mundo Cristão no Selo Postal".

As Entidades Gabrielinas

Dia-a-dia maior e mais especializada, a literatura filatélico-reliosa, quase sempre e exclusivamente "cristã" iria aglutinar forças e, sumariamente, podemos indicar os anos de criação dfas várias entidades filatélicas destinadas a agrupar os colecionadores religiosos, entidades que mais tarde seriam reunidas numa federação ou "união".

1936 - Alemanha - Sammkergilde St.Gabriel e.V. - sediada em Aix-la Chapelle (Aachen-Aquisgrana)

1942 - Estados Unidos - COROS - Collectors of Religion on Stamps, com sede em Orange, na Califórnia.

1948 - Holanda - Nederlandse Vereniging van verzamelaars van postzergets met christelyke Motieven.

1949 - França - Cercle Philatélique Catholique com sede em Paris.

1950 - Áustria - Öesterreichischer Philatelistenverein Sankjt Gabriel (antes unido ao grupo alemão).

1950 - Austrália - Strambian Philatelic Society, que teve apenas alguns anos de vida.

1953 - União Mundial São Gabriel, a Unio Mundialis Sancti Gabrielies Archangeli, constituindo uma federação das entidades existentes e sediada em Viena.

1953 - Brasil - Círculo Filatélico São Gabriel, com sede em Petrópolis. Anos depois, inoperante, foi praticamente substituído pela organização gabrielista fundada em São Paulo (Ver, adiante).

1953 - Itália - com sede em Verona, com a denominação de Associazione Italiana di Filatelia Religiosa San Gabriele (Mais tarde surgiriam os grupos de Veneza e de Roma).

1954 - Inglaterra e Irlanda - Irish-British Socieety for Collectors of Religious Motifs on Postage Stamps , com sede em Dublin.

1954 - Canadá - de vida relativamente curta.

1954 - Bélgica - Cercle Philatélique Saint Gabriel - Bruxelas, com denominação também em flamengo Belgische Sint Gabrielgilde.

1954 - Academia Filatélica São Gabriel - criada nos Estados Unidos pelo padre Aloysius Horn, com sede em Freemont: "Academia Philatelistica Sancti Gabrielis Archangel".

1955 - Portugal - União Portuguesa de Filatelia Cristã São Gabriel, com sede em Lisboa, agora em Fátima.

1955 - Espanha - Asociación Filatélica Espanhola San Gabriel, sediada em Madrid.

1956 - Argentina - Asociación Filatélica Argentina San Gabriel, sediada e em Buenos Aires.

1956 - Colômbia- SAFIC - Seminaristas Aficionados a la Filatelia Cristiana, em Bogotá.

1957 - Itália - ver 1953 ver 1959 - Associazione Italiana Filatélica Religiosa, em Veneza.

1958 - Luxemburgo - Letzemburger St.Gabriel Gilde, com sede em Luxemburgo.

1958 - Suíça - Scweizer St.Gabriel Gilde, sediada em Rothenburg, no cantão de Lucerna.

1959 - Itália - ver 1953 e 1957 - Seção Gabriel Itataliana/Centro de Estudos Gabriel, depois transformada em União Italiana de Filatelia Religiosa São Gabriel, com a fusão feita com o organismo de Veneza (1961).

1959 - Uruguai - Asociación Filatélica Uruguaia San Gabriel, em Montevidéo.

1960 - Escandinávia - Skandinavisk St.Gabrie's Union (SSGU), com sede em Copenhague (Dinamarca), reúne os países do hemisfério boreal: Dinamarca-Feroé (Ilhas) - Finlândia - Groelândia - Islândia - Noruega e Suécia.

1962 - O Centro Mariano faz, de seu Departamento Filatélico"o Grupo Nacional San Gabriel.

1969 - Brasil - ver 1953 e 1977 - Gabriel-Sociedade Brasileira de Filatelia Religioso - Cristão substitui, praticamente, o "Círculo"de 1953 e, por sua vez, seria substituído em 1977 pela ABRAFIRGA - Associação Brasileira de Filatelia Religiosa São Gabriel.

1970 - Índia - Religious Stamp Exchange Club, com sede no Estado de Kerala/Cochin, em Ernakulan.

Altos e Baixos

A simples enumeração da criação, por ordem cronológica, das muitas entidades gabrielistas no mundo, com algumas tentativas de reorganização indicam altos e baixos no desenvolvimento, não da idéia e do colecionismo, porém, no agrupamento organizado de entidades destinadas a incrementar o tipo de colecionismo, a facilitar, aos associados a melhoria de suas coleções mediante comunicações e intercâmbios com entidades congêneres. Ainda assim o movimento tende a aumentar, para a efetivação desse incremento a tarefa cabe, tecnicamente, ao organismo centralizador, orientador desse intercâmbio, a federação das entidades que, no caso do gabrielismo, existe desde praticamente o ano de 1953 quando, em Salzburgo, na Áustria, foi fundada a UNIÃO MUNDIAL SÃO GABRIEL, a conhecida UMSG - Unio Munidialis Sancti Gabrielis, que muitos denominam acrescentando ao nome do patrono, a qualificação de "arcanjo".

Fruto do trabalho de verdadeiros apóstolos do movimento filatélico-religioso, lançando-se as bases do estatuto. O trabalho desses organismos (Alemanha, Austrália, Áustria, Estados Unidos, França, Holanda e Suécia) levaria alguns anos até que, em 1959, na cidade alemã de Aachen (Aix-la-Chapelle) foi constituída a primeira diretoria internacional, completada em 1960 na reunião de Munique. O demais congresso passou a ser realizados regularmente cada quatro anos.

Universalidade dos Congressos

Uma enumeração dos congressos da UMSG será interessante para mostrar a internacionalização das diretorias que se sucederam.

1º Congresso - aachen/Munique (1959/60)
Presidência: Dr.Josef Franz Aumann (Áustria) e diretores de: USA, Alemanha Federal, França, Holanda, Itália.

2º Congresso - Colônia (1964)
Presidência: Dr.Wilfrido Böss (Alemanha Federal) e diretores: Estados Unidos, Bélgica, Itália, Alemanha, Colômbia, Luxemburgo e Holanda. (Entre 1965 e 68 a presidência foi exercida pelo belga padre José Volkaerts).

3º Congresso - Zurique (1968)
Presidência: Dr.Bruno Grimm (Áustria) e diretores de: Bélgica, Estados Unidos, Colômbia, Suíça e Inglaterra.

4º Congresso - Roma (1972)
Presidência: Gen.Euclydes Pontes (Brasil). Diretores: Bélgica, Estados Unidos, Áustria, Itália, Índia, Espanha, Dinamarca, Inglaterra e Alemanha.

5º Congresso - St.Polten (Viena) - ( 1976 )
Presidência: Dr. Franz Muschl (Áustria) - Diretores: Brasil, Bélgica, Estados Unidos, Índia, Espanha, Holanda e Itália.

O 6º Congresso em São Paulo.
O próximo Congresso, que será realizado em São Paulo, de 27 a 29 de setembro, promete arregimentar as forças do gabrielismo para nova investida: o aumento de material colecionável pelos filatelistas "religiosos" é um fato inconteste e a diversificação de suas manifestações no tocante aos credos representados nessas novas e muitas emissões só pode levar os gabrielistas a prosseguir no caminho de um sadio ecumenismo que vem sendo posto em prática desde há muitos anos.

Iniciado por sacerdotes e leigos na quase totalidade católicos, acolhendo colecionadores cristãos-não católicos, o movimento aos poucos e pois apresentou-se diante de uma situação interessante: os próprios colecionadores cristãos encontravam-se, por vezes, ao lado de manifestações postais-filatélicas que, embora não cristãs se relacionavam muito de perto com suas coleções. Daí um movimento que, sem ter sido iniciado com pretensões confessionais, tornou-se, aos poucos um verdadeiro movimento de congraçamento ecumênico através dos selos postais.

No próximo Congresso, em São Paulo, vários temas serão discutidos e, afora os que dizem respeito à estruturação do organismo, os demais tendem a proporcionar a todo colecionador religioso um maior conhecimento técnico, não somente sob o ponto de vista filatélico mas ainda, e sobretudo, formativo e informativo no tocante aos aspectos ideológicos, históricos, fundamentais das várias religiões dia-a-dia mais relacionadas e representadas nos selos postais e assemelhados emitidos pelas administrações postais de quase 160 países inscritos na UPU - União Postal Universal.

O Porquê de Gabriel

A ESCOLHA DE UM PADROADO AO MOVIMENTO LOGO RECAIU NO Arcanjo Gabriel por ter sido ele o "mensageiro" divino por excelência, ou nas palavras do abade beneditino de Singeverga, o "correio-mor de Deus".

Antes mesmo das proclamações oficiais da Igreja Católica Vários organismos recorreram ao auxílio do Arcanjo da Anunciação. Enquanto os filatelistas espanhóis pediam uma iniciativa da igreja, autoridades militares e postais da Argentina baixavam atos proclamando o padroado sobre as "comunicações" do Exército Argentino e sobre os "correios" desse país sul-americano...

No decorrer da história quantas vezes o Arcanjo é invocado, quantos edifícios lhe levam o nome, quantas embarcações navegam por mares desconhecidos com sua invocação marcada nos rudes lenhos? Não era "Gabriel" a nau-capitânea de Vasco da Gama no caminho das Índias?...
Vejamos, porém, bem documentada a base em que se firmaram os filatelistas "religiosos" ao escolher o patrocínio do Arcanjo. Escreve o beneditino dom Gabriel, abade de Singeverga, em Portugal.

'Uma vez que todas as atividades humanas procuram defesa e amparo nas forças sobrenaturais que regem o mundo, a Filatelia devia fazê-lo também, e, pelos vistos, já o fez.
Não eram só os mesteirais, a gente das artes mecânicas e ofícios manuais, que entre nós, em tempos idos, se agrupavam em "gildas" e irmandades, com fundação em qualquer determinada capela ou altar privativo nos grandes templos. As artes liberais e atividades culturais faziam na mesma, e os filósofos têm o patrocínio de Santa Catarina, os oradores o de São João Crisóstomo, etc. ao princípio, para a maior parte dos "amigos do selo", é uma atividade cultural.

Por qualquer dos prismas que se encare, pode muito bem ter o seu nome tutelar, o seu patrono de devoção; e o que se lhe alvitrou não poderia ser mais bem escolhido - uma vez que, segundo pode concluir-se de vários passos da Sagrada Escritura, São Gabriel é o Correio-Mor de Deus.
A palavra "Anjo" significa "Mensageiro, segundo muito bem explica Santo Agostinho, é nome de ofício," Arcanjo " significará, portanto, "Mensageiro Principal", desta categoria é São Gabriel. - Não é o único detentor do título, há mais seis; mas foi o principal empregado no ofício"e foram-lhe encomendadas as mais altas mensagens de Deus à Humanidade: as que se relacionavam com a encarnação do Verbo e a Redenção.

Essas mensagens de que o Arcanjo São Gabriel foi portado, são três sobretudo PRIMEIRA (Dan.VIII e IX). Jeová ordena-lhe: "Gabriel, vai explicar esta visão. E o Arcanjo aparece ao Profeta Daniel e explica-lhe a visão do carneiro e do bode, relativa ao império dos Persas e dos Macedônios, e, depois, o mistério das setenta semanas, relativo ao tempo da vinda do Messias.
SEGUNDA (Luc. L, 11-22). É enviado ao sacerdote Zacarias, a anunciar-lhe que em breve seria pai; Isabel, sua esposa, que era estéril e já idosa, daria à luz um filho "que seria grande diante de Deus" e a quem poria o nome de João. Tratava-se de São João Batista, que havia de ser o Precursor de Jesus e o Preparador dos caminhos do Evangelho. "Eu sou Gabriel, que estou sempre diante de Deus" (pronto a receber as Suas ordens).

TERCEIRA (Luc.l, 26-38). "Seis meses depois, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José; a virgem chamava-se Maria. E o Anjo, entrando no recinto onde a Virgem se encontrava, disse: Ave ó cheia de graça! O Senhor é contigo, e tu és bendita entre as mulheres. Ouvindo isto, a Virgem perturbou-se e estava a pensar o que queria dizer semelhante saudação; e o Anjo lhe disse Não temas, Maria, porque o Senhor se agradou de ti; conceberás e darás a luz um filho ao qual porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, o Senhor Deus lhe dará o trono de David, reinará eternamente na casa de Jacob e o seu reinado não terá fim". É a cena da Anunciação, que marca a hora da Encarnação do Filho de Deus e o princípio da Redenção da Humanidade.
E foi esta a mais importante mensagem - e a mais sublime missão - confiada por Deus ao seu Correio-mor."

Com essas palavras divulgadas pela imprensa especializada de Portugal passa-se a entender mais perfeitamente o acerto da escolha, tanto pelos filatelistas como pela Igreja, na proclamação dos padroados do Arcanjo Gabriel .

1952 - Sobre as telecomunicações e quantos se dedicam a essa arte e ciência destinada à divulgação (Pio XII);

1972 - Sobre os correios (Paulo VI)
Não foi, ainda, sem razão que se originou, logo, um movimento de ecumenismo filatélico-religioso, e com essa característica acabaram por desaparecer dos estatutos de várias agremiações "nacionais" a indicação , a característica de um colecionismo confessional "católico" ou mesmo "cristão".

Outros Padroados

A par do padroado gabrielino que, dos correios, passou, automaticamente, na prática ao da Filatelia (ainda que o documento - Breve Papal - não se expresse a respeito, não obstante pedido feito tanto pelos italianos como pelos austríacos, existem outros patrocínios invocados por servidores e organizações postais.

Nossa Senhora de Jujan (Argentina): Nossa Senhora do Pilar (La Pilarica) na Espanha; São Zenão guia dos carteiros na Grécia; o Papa São Marcelo na Itália (antes do papado fora ele correio-real isto é, mensageiro-postal); Nossa Senhora da Guia para os mensageiros-montados de Barcelona, veneradas na capela Marcus ainda conservada na cidade condal...

Muitos outros são os padroeiros existentes em vários países e isto vem provar que o patrocínio do Arcanjo além de relativamente moderno, por mais estranho possa parecer, somente se deu por força de um movimento antes filatélico do que propriamente, especificamente postal, apesar das referências, mais do que simbolismos, apontadas pelo abade de Singeverga. Não seria mesmo fora de propósito que, ao ensejo do 6º Congresso da União Mundial, em São Paulo, filatelistas e historiadores se dessem ao trabalho de apresentar uma relação dos padroados existentes tanto em âmbito nacional como em campo regional. A própria iconografia postal-filatélica, sem ser abundante, é realmente elucidativa a respeito com selos, carimbos e outro material relacionado.

O Colecionismo "Religioso"

Independente das manifestações sócio-religiosas dos colecionadores, dos filatelistas, a sistemática do colecionismo religioso, obedecida a característica do tema, filia-se aos modos comuns do colecionismo filatélico em geral. Aliás a porcentagem avantajada do aspecto "religioso" nas emissões, em geral, força o colecionador religioso, mais do que outro, a enveredar pelas limitações tradicionais de: espaço, tempo, categoria, assunto (tema), uma das mais do que outras, mas, de modo geral, sempre nesse sentido.

Se o filatelista quiser ter coleções "religiosas" verdadeiramente representativas, deixará de lado escolhas quanto ao espaço, o tempo e a categoria do material colecionável, para se dedicar, obedecidas às normas e peculiaridades do colecionismo, ao assunto ou tema religioso, exclusivamente.

O tema, o assunto religioso é por si bem vasto. Um filatelista prematuramente colhido pela morte e sacerdote missionário dos mais devotados, sugeria, aos interessados, ler o tratado de Luigi Allevi: "Religione e religioni" (edição Marietti, 1948), antes de iniciar uma coleção. Tão vasto, diversificado o assunto, tantos os selos que se enquadram no tema... Há quase vinte anos, grosso volume de mais de 500 páginas enumerava, simplesmente, em "La Cristianitá nel Francobollo Postale"( A cristandade no Selo Postal) do Dr.Michele Guido Franci, os selos relacionados com o cristianismo...De lá para cá, somente por ocasião do Natal, quantos milhares de selos e outras peças colecionáveis não foram usados, emitidos pelos correios?
Que dizer, então, dos selos que se relacionam, de qualquer modo com pessoas, coisas, manifestações humanas que tenham alguma relação com a religião?

Na Prática...

O assunto é realmente vasto e complexo. O colecionismo "religioso"tem um alcance dificilmente imaginável à primeira vista e os interessados não poderão prescindir de um guia, de uma orientação eficiente.
Essa direção, indiscutivelmente necessária, somente poderá ser obtida através de consultas, não somente a obras sobre RELIGIÃO em geral, como sobre determinados aspectos de uma determinada religião. Mais ainda. Deverá socorrer-se da bibliografia já abundante que existe em diversas línguas e diretamente relacionada com determinados aspectos das muitas religiões e suas manifestações na Filatelia. Essa bibliografia somente poderá ser conhecida através das numerosas revistas e dos boletins editados pelas agremiações especializadas, às quais o colecionador interessado deverá dirigir-se.

Para tanto, em apêndice são indicados os endereços das atuais organizações "gabrielistas, às únicas a orientar, no momento, o filatelista desejoso de seguir o tema religioso.
Dessas associações, hoje, somente as da Argentina, França, Luxemburgo e Uruguai não estão publicando as revistas especializadas destinadas aos associados. Mesmo assim, os colecionadores desses países têm, mas edições de outros países de mesma língua os subsídios de que necessitam para um contínuo aperfeiçoamento no colecionismo e nas informações sobre o assunto.
Além desses subsídios, dos catálogos especializados e das monografias e outros trabalhos, o colecionador "religioso" conta com o


Museu Filatélico do Cardeal Spellmann

O conhecido Cardeal-Arcebispo de New York e capelão-chefe das forças armadas dos Estados Unidos foi apaixonado colecionador de selos e de moedas e, ao morrer, deixou todo o importante acervo para uma fundação por ele criada que tomou o nome de Cardinal Spellman Philatelic Museum, em Weston.

Esse Museu, único, nos Estados Unidos, e talvez no mundo, dedicado inteiramente à Filatelia tornou-se verdadeira academia, uma vez que vive funcionando com estritas normas culturais, graças à conservação, mantença de biblioteca especializada, cursos e palestras, projeções, publicações e outras iniciativas de caráter filatélico eu se repetem continuamente.
Graças a um grupo de membros-patronos recrutados entre os filatelistas de todo o mundo, a entidade "non profit, non sectarian" como são conhecidas nos Estados Unidos as entidades culturais e beneficentes, tornou-se um dos grandes esteios na difusão da Filatelia sobre tudo "religiosa".

O Gabrielismo no Brasil

Em 8.9.1953, o franciscano frei.João José Gepp fundou o "Círculo Filatélico São Gabriel"que publicou, durante alguns anos, uma revista especializada muito bem feita e rica de informações. Deixando de existir, foi substituído, em 1969, em São Paulo, por iniciativa de Ângelo Zioni, pela "Gabriel-Sociedade Brasileira de Filatelia Religioso-Cristã". Para dar ao organismo um cunho inter-confessional dissolve-se a Gabriel e, em 1976, ainda por iniciativa de Ângelo Zioni, cria-se e legaliza-se , em São Paulo, a ABRAFIRGA - Associação Brasileira de Filatelia Religiosa São Gabriel. (Caixa 3061 - 01000 São Paulo).

Ao mesmo tempo, sob a direção de frei Virgílio Berri o.f.m., funcionou no Rio de Janeiro um Núcleo Gabriel que, depois de grande atividade acabou por se fundir com a Abrafirga, por iniciativa do Gen.Euclydes Pontes.

Essas organizações, e mesmo outras, por influência e com a colaboração especial de filatelistas gabrielinos realizaram diversos certames de Filatelia religiosa como:

16/20.03.1953 - Exposição Filatélica Marrana, em Diamantina (MG), organizada por José Aguilar de Paula.

17/24.07.1955 - Exposição Filatélica de Motivos Católicos, no Rio de Janeiro, organizada pelo Círculo Filatélico São Gabriel, por ocasião do 36º Congresso Eucarístico Internacional, no Rio de Janeiro.

28.10/05.11.1959 - Exposição filatélica do Trintênio do Selo Postal do Estado da Cidade do Vaticano, em São Paulo, promovida pelo Clube Filatélico de São Paulo.

12/15.10.1967 - Mostra Filatélica (do 250º Aniversário do Encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida), no Rio de Janeiro, promovida pelo Clube Filatélico do Brasil.

12/18.12.1968 - Filatelia Natalina da Exposição de Presépios do Folclore Paulista, em São Paulo, patrocinada pela Comissão de Filatelia e numismática da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo do Governo do Estado de São Paulo.

24/29.09.1970 - Exposição Paulista de Filatelia Religiosa, em São Paulo, patrocínio da referida Comissão de Filatelia e Numismática.

01/08.12.1970 - Mostra de Selos de Natal, em Santo André, SP, patrocinada pela mesma Comissão de Filatelia e Numismática da SCET;

01/12.09.1971 - Mostra Filatélica do Cinqüentenário da Paróquia de Nossa Senhora da Paz de Ipanema, no Rio de Janeiro, promovida pela REFI (Reuniões Filatélicas de Ipanema);

22/24.11.1971 - Exposição de Filatelia Religioso-Cristã, em São Paulo, (Colégio São Francisco Xavier) comemorativa do 4º centenário dos Primeiros Mártires do Brasil, patrocínio da Comissão de Filatelia e Numismática da SCET de São Paulo.

25/27.11.1971 - Exposição de Filatelia Religioso-Cristã, em São Paulo, comemorativa do Cinqüentenário do Padroado de São José sobre a Igreja Universal. Essa exposição, também patrocinada pela mesma Comissão de Filatelia e Numismática da SCET, realizada no Seminário João XXIII, São Paulo, estendeu-se, de 28 a 30 de novembro no Colégio Regina Mundi, também em São Paulo.

22/26.12.1972 - 3º Mostra Filatélica Religiosa, no Rio de Janeiro, comemorativa do Natal e promovida pela REFI (Reuniões Filatélicas de Ipanema).

22/26.12.1972 - Exposição Filatélica e Numismática (SCET) do Governo de São Paulo, comemorativa do Sesquicentenário da Morte de Frei Antônio de Santana Galvão.

29.09/06.10.1973 - Exposição Nacional de Filatelia Religiosa, no Rio de Janeiro, promoção da Gabriel-Sociedade Brasileira de Filatelia Religiosa-Cristã, Grupo da Guanabara, patrocínio da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), realizada na Agência Postal de Ipanema.

13/19.09.1977 - Exposição de Filatelia Religiosa, em Rio Claro, SP, promovida pela abrafirga-Associação Brasileira de Filatelia Religiosa São Gabriel patrocínio da S.C.C.T. - de São Paulo.

17/22.12.1978 - Exposição de Filatelia Religiosa, em Botucatu, SP, organizada pela Abrafirga-Associação Brasileira de Filatelia Religiosa São Gabriel, em comemoração ao 70º Aniversário da Diocese e Vintênio da Arquidiocese de Botucatu, Patrocínio S.C.C.T. de São Paulo.

11/18.08.1979 - Exposição Vocacional (Centenário de Mons.Biraghi, fundador das irmãs Marcelinas) em Botucatu, SP, promoção da Abrafirga.

7/9.06.1980 - Exposição Anchietana, em Bertioga, SP, patrocínio da S.C. de São Paulo e promoção da Abrafirga.

Outras Manifestações

Além dos certames relacionados, o movimento gabrielistas no Brasil tomou iniciativas de interesse filatélico seja proporcionando palestras tanto sobre Filatelia em geral como sobre Filatelia religiosa, seja solicitando aos Correios do Brasil, o uso de carimbos comemorativos por ocasião de acontecimentos especiais.

Não devem ser esquecidos os selos postais não somente comemorativos de efermérides religiosas, muitos dos quais solicitados pela organização, mas de modo especial emissões do Dia de São Gabriel que o Correio lançou por anos seguidos, mas ainda, e de modo especial, o internacionalmente premiado bloco celebrativo da proclamação de São Gabriel como Patrono Universal do Serviços de Correio (8.12.1976), pelo Papa Paulo VI, e, mais recentemente o selo da beatificação do venerável padre José de Anchieta.

Quando a ECT lembrou, através de selos, bilhetes-postais, carimbos e sobrecartas o 75º Aniversário da Coroação Canônica e Pontifícia da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, prenunciaram-se novas atividades gabrielinas no país, inclusive a realização do 6º Congresso Internacional da União Mundial São Gabriel, em setembro de 1980, na cidade de São Paulo. Na oportunidade a ECT estará, novamente, dando seu grande apoio mediante a emissão postal já anunciada.

 

 


 




 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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