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A HOMENAGEM ALEMÃ A AUGUSTO SEVERO

Autor: Geraldo de Andrade Ribeiro Jr.

 

Há anos, folheando uma antiga revista filatélica da Paraiba,
deparei-me com um postal máximo no qual havia a imagem
do dirigível Zeppelin sobre uma praça de Natal e, no rodapé,
uma intrigante inscrição sobre uma homenagem ao potiguar
Augusto Severo, um dos pioneiros da nossa aviação e a sua primeira vítima.


Anos após, ao montar a coleção foto-filatélica Aviação no Brasil, Vôos Pioneiros, lembrei-me da peça e após longas pesquisas, finalmente consegui uma cópia da mesma, graças à gentileza do grande colecionador de postais Mons.Jamil N.Abud, mas a história permanecia parcialmente contada.
Quanto a Augusto Severo, as suas atividades e o seu valor são bem conhecidos (vide box), mas quanto à homenagem nada se encontrava.

AUGUSTO SEVERO
* 11 / 01 / 1864 - Macaíba (RN)
+ 04 / 05 / 1906 - Paris (França)

Professor, comerciário, jornalista, orador brilhante, político e inventor. Em 1892 idealizou e construiu em Paris um balão de estrutura semi rígida.

14/02/1894 - Este balão, de concepção totalmente nova, o Bartholomeu de Gusmão realizou sua 1 ª experiência no Realengo, Rio de Janeiro.

1902 - Construído o balão PAX , com 30 m de comprimento e 12 m de maior diâmetro, com 2.000 m³ de gás e dois motores Buchet. Uma inédita concepção, balão e barquinha formavam um só corpo.

12/05/1902 - Morte de Augusto Severo e seu mecânico. O Aeroporto Internacional de Natal (RN), recebeu o nome de Augusto Severo - a primeira vítima brasileira da conquista do ar.


Finalmente, ao ler a História da Aviação no Rio Grande do Norte, de Paulo Pinheiro de Viveiros, surge, em detalhes, a curiosa e interessante explicação.

Quando da primeira viagem do Graf Zeppelin ao Brasil, em 1930, após pousar em Recife, Rio de Janeiro, novamente Recife, seguia para os Estados Unidos e sobrevoaria a cidade de Natal. A Empresa Luftschiffban Zeppelin G.M.B.H, construtora do Zeppelin, considerando a importância histórica de Augusto Severo para o desenvolvimento dos balões dirigíveis, resolveu, por sua própria e inédita iniciativa homenageá-lo, além de que este ato teve significativa e simpática recepção junto ao governo brasileiro e, particularmente junto ao governo potiguar, numa região política e estratégicamente importante.

A importância do trabalho de Augusto Severo foi descrita por um Almanaque Garnier da época : "O mérito do sistema consistia, particularmente, em haver o inventor conseguindo que balão e barquinha formassem um só corpo." Embora precocemente falecido em Paris, em acidente com um novo balão, teve uma fundamental importância e participação no processo evolutivo da dirigibilidade aérea e a companhia alemã não ignorou o fato, apesar de nem sempre ter tido o merecido reconhecimento em seu próprio país.

A primeira homenagem ocorreu a 28 de maio de 1930, quando, de acordo com o autor acima citado, "... o balão descreveu um grande círculo e permaneceu doze minutos em evoluções; baixou sobre a estátua de Augusto Severo e deixou cair um ramalhete de flores naturais, com a seguinte inscrição : "Homenagem da Alemanha ao Brasil, na pessoa de seu filho Augusto Severo." O troféu caiu próximo à estátua, sendo levado à mesma."

Quando novamente sobrevoou Natal, em 20 de outubro de 1933, o Zeppelin realizou nova homenagem e ainda de acordo com Paulo Pinheiro de Viveiros : " dessa feita, voava ã noite, numa altura aproximada de 200 metros; eram 23 horas e 30 minutos quando alcançou a cidade, deixando cair de bordo, pendente de um pára-quedas luminoso, uma coroa sobre o monumento de Augusto Severo. O vento desviou o troféu que caiu no pátio interno da Great Western. Toda a população natalense estava desperta e acompanhou, nas ruas, as evoluções do Graf Zeppelin. A coroa tinha um laço de seda com as cores da Alemanha e do Brasil e a seguinte inscrição : "A Augusto Severo, o grande brasileiro que idealizou a aviação como fator de progresso - arma de aproximação entre os povos - homenagem do Graf Zeppelin ".

Como se pôde constatar, uma simples peça filatélica encerra, em si própria, uma longa e curiosa história, com desdobramentos diversos, se profundamente pesquisada. A peça em questão, de um simples máximo postal, passa a ter a sua importância e possibilidade de inserção em coleções de História Postal, Brasiliana, História da Aviação, História do Rio Grande do Norte, etc.


Agradecimentos : Monsenhor Jamil Nassif Abud , Laurette Godoy e Maria Cecília França Monteiro da Silva pela cessão de peças de sua coleção.

 

 

 

 

 

 

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