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Bartholomeu de Gusmão
e a Filatelia
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3º Centenário do Nascimento de Bartolomeu de Gusmão

300th Birth Anniversary of Bartolomeu Lourenço de Gusmão

SOBRE O SELO

O selo apresenta em primeiro plano a figura do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, tendo, ao fundo, o Balão criado por ele, em evolução de vôo.

ABOUT THE STAMP

The stamp emphasizes the figure of the Priest Bartolomeu Lourenço de Gusmão and in the background it shows the balloon, idealized by him, flying.

TRICENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE BARTOLOMEU LOURENÇO DE GUSMÃO

Bartolomeu Lourenço de Gusmão - o Padre Voador, inventor do aerostato - nasceu em Santos, em 1685, irmão de Alexandre de Gusmão (1695-1753), o grande ministro de D. João V que consolidou as fronteiras extra-tordesilhanas do Brasil. Após os estudos primários, realizados em sua cidade natal, Bartolomeu fez o Curso de Humanidades em Cachoeira, Bahia, no Seminário de Belém, de onde saiu em 1701, com 15 anos de idade. Ali, foi autor de um invento - cujo privilégio para todo o Estado do Brasil lhe foi concedido pela Câmara da Bahia - uma máquina que elevou a água de uma lagoa para o abastecimento do Seminário, que ficava numa colina.

Ao deixar Cachoeira, Gusmão foi para Portugal estudar na Universidade de Coimbra. Voltou à Bahia e regressou à Universidade de Coimbra em fins de 1708 ou em 1709, já presbítero.

Em Lisboa, tornou-se uma celebridade - embora muito atacado por uma parcela da imprensa - e repercutiu nas principais capitais da Europa.

O invento de Gusmão nasceu de sua observação ao ver uma bolha de sabão ascender rapidamente ao passar sobre uma fonte térmica; sua máquina aerostática de ar quente era semelhante aos nossos populares balões de São João. Sua prioridade científica consiste em ter sido o primeiro a conseguir elevar um artefato do solo - 4,5m - embora a primeira ascensão humana caiba a Pilâtre de Rozier e ao Marquês d'Arlandes, em 20 de novembro de 1783, após o êxito, a 5 de junho daquele ano, do balão ou Montgolfière dos irmãos Estevam e José Montgolfier.

Quanto à forma do aerostato, a maioria dos cronistas da época se refere a um globo ou esfera de papel, com armação de madeira leve ou de arame, não havendo informação sobre a fonte térmica.

Houve uma forte reação da imprensa de Lisboa, ridicularizando o aerostato de Gusmão, que se propusera percorrer 200 e mais léguas por dia. Mas a disparidade entre o prometido e o realizado não tira o mérito de seu aparelho "que subiu aos ares, fato virgem na história da Humanidade"!

Em 1710, Gusmão documentou seu talento inventivo com a publicação do opúsculo Vários modos de esgotar sem gente as naus que fazem água, assunto de grande interesse para os navios de casco de madeira, cujas juntas, com o choque das ondas, cediam, alagando os porões, exigindo grande esforço das tripulações para seu bombeamento. No mecanismo de Gusmão, o movimento do barco fazia funcionar uma bomba que, por meio de um parafuso de Arquimedes, aspirava a água dos porões.

Em 1724, envolvido, por intriga, numa trama de feitiçaria contra o Rei D. João V, Bartolomeu de Gusmão fugiu de Lisboa, evitando enfrentar o Santo Ofício. Foi então para Toledo, onde chegou miseravelmente e logo morreu, no Hospital da Misericórdia, vítima de febre maligna, em 18 de novembro de 1724.

PAULO PARDAL
Professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

300 BIRTH ANNIVERSARY OF BARTOLOMEU LOURENÇO DE GUSMÃO

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, the flying priest, inventor of the aerostat, was born in Santos in 1685. His brother, Alexandre de Gusmão (1695-1753), the influential minister of D. João V, defined the frontiers of Brazil, which were not demarcated by the Tordesilhas Agreement. After his elementary school studies, attended in Santos, Bartolomeu went to Cachoeira city (Bahia). There, at the Belém seminary, he made the humanities course. Then he left the seminary with 15 years old, in 1701, where he invented a machine to lift the water from the lagoon up to the seminary, located on a hill, to its water supply system. His invention was recognized in whole country through the Chamber of Bahia.

When Gusmão left Cachoeira, he went to Portugal to study at Coimbra's university. Then he came back to Bahia and at the end of 1708 or beginning of 1709 he returned, already as a priest, to Coimbra.

In Lisbon became a celebrity, widely known in the other european capitals, although the critics made by a branch of the press.

Gusmão idealized his invention observing a soap bubble which lifted quickly when crossed a thermic fount. We can compare his aerostat, filled with hot air, with a balloon used in Brazil during the feast of Baptist's Day. His scientific avantguardism consisted in lift from the soil (4,5m), for the first time, an artifact. But we cannot forget names as Pilâtre de Rozier and Marquis d'Arlandes that in November 20th, 1783, for the first time, lifted the man from the soil, after the success, in June 5th, 1783 of the balloon or Montgolfière made by the brothers Estevam and José Montgolfier.
According to the journalists of that time, the form of the aerostat was like a globe or a paper sphere with the frame in light wood or wire. As far as its thermic fount concern, we have no information about it.

Gusmão was very criticized by the press in Lisbon, which ridiculed his aerostat, made to travel more than 200 leagues by day. This goal was not reached, but in spite of that we have to recognize the merit of Gusmão's invention, which "flew" for the first time in the history of the humanity.

In 1710 Gusmão reported his talent publishing the book "Vários modos de esgotar sem gente as naus que fazem água", a very important subject to vessels with a wood hull which gapped with the wave's impact, flooding their holds and giving a lot of work to the ship's crew to dry them. The mechanism of Gusmão's invention consisted in one pump, which by an Archimedes' screw sucked the water from the holds.

In 1724 Bartolomeu de Gusmão left Lisbon, because he was involved, by intrigue, in witchcraft rites against the king D. João V, to escape from the Inquisition (The Roman Catholic Tribunal). Then he went to Toledo, where in November 18th, 1724, very poor, died at the Misericórdia Hospital with a malignant fever.

PAULO PARDAL
Professor on Engineering at the Federal University of Rio de Janeiro