ABRAFITE
Cx. Postal : 740
01059-970 São Paulo - SP
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FILATELIA TEMÁTICA

 

 

LYBRARY
BIBLIOTHEQUE

 

CARTÕES POSTAIS - POSTAL CARDS - CARTES POSTALES

CARTOFILIA EM EXPOSIÇÃO
BOLETIM DO COLECIONADOR
LIVROS SOBRE CARTÕES
O MUNDO EM RETÂNGULOS DE PAPEL
POSTAIS AOS AMIGOS

Boletim do Colecionador

José Carlos Daltozo edita o Boletim do colecionador, interessante boletim eletrônico sobre Cartofilia.

Solicite o seu pelo e-mail: jcdaltozo@uol.com.br

CARTOFILIA EM EXPOSIÇÃO

Autor: * José Carlos Daltozo

As exposições de cartões-postais estão se multiplicando pelo Brasil afora. Esta é, sem dúvida, a melhor forma de divulgar a cartofilia para o grande público. Tomemos como exemplo o ano de 2002, quando númeras exposições ocorreram em vários estados brasileiros, mostrando pequena parte do potencial iconográfico desses minúsculos "retângulos de papel".

Em abril, por exemplo, o colecionador Arlan Argôlo expôs 92 postais no Espaço Cultural do Correio de Porto Velho, Rondonia, sob o tema "Brasil Regional e seu Turismo". O Clufial - Clube Filatélico de Alagoas, por sua vez, realizou exposição de 03 a 09 de junho na Agência Central do Correio de Maceió, com participação de vários colecionadores de todo o país. Para essa exposição, enviei 32 postais formando um painel sob o tema "Portos e Navios".

Na cidade de Cachoeira Paulista aconteceu, de 09 a 10 de março, a Primeira Feira do Colecionismo, enquanto em Juiz de Fora-MG foi realizado, de 03 a 05 de maio, o 4º Encontro Nacional de Colecionadores. Em São Paulo, dia 27 de abril, foi realizado o já tradicional evento semestral organizado pelo Clube do Manche, um mega encontro de colecionadores, marchands e entusiastas não só da cartofilia como de muitos outros hobbies. A Socope - Sociedade de Colecionadores de Postais de Estádios realizou evento anual em Curitiba-PR, no estádio de Pinheirão, dia 13.04, reunindo vários associados.
O colecionador paulistano Cristovão Willeizka montou dezenas de painéis tamanho 25 X 30 cm, contendo um postal antigo e um atual do mesmo local de São Paulo. Já expôs tais painéis, sempre com sucesso e divulgado pela imprensa, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, no Centro Cultural da Caixa Federal na Praça da Sé e no Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos.

A Acarj - Associação de Cartofilia do Rio de Janeiro, mostrou mais uma vez sua pujança ao realizar, de 02 a 18 de maio, a exposição "Imagens do Rio Antigo em Cartões-Postais", no Espaço Cultural da Estação Carioca do Metrô. O colecionador João Gerodetti cedeu, em maio de 2002, vários postais antigos de sua coleção para ilustrar a exposição comemorativa ao escritor Alcântara Machado, na reinauguração do Centro Cultural São Paulo, próximo à estação Vergueiro do metrô.

No segundo semestre, digno de registro foi a exposição denominada X EXCART - Exposição de Cartões-Postais de Juiz de Fora-MG, com a participação de 15 colecionadores de todo o país. Nesse evento expus um painel com postais do tema "Jangadas e Jangadeiros". E a AFNB - Associação Filatélica e Numismática de Brasília realizou, em dezembro de 2002, a 16ª Expostal, tendo como tema "Cartão-Postal, um olhar sobre o Mundo". Participei com postais sobre a temática: "World Trade Center e o trágico acontecimento de 11 de setembro de 2001".

Essas exposições e feiras denotam claramente a expansão da cartofilia e a crescente utilização do cartão-postal como material iconográfico de alto valor histórico, principalmente o postal do início do século 20. Todo colecionador pode - e deve- realizar exposições em sua cidade. Onde existir um centro cultural, uma agência do correio, um shopping center ou até mesmo o saguão de uma agência bancária ou colégio, são locais excelentes para abrigarem exposições de postais. Divulgando seus acervos, poderão inclusive conseguir doações para suas respectivas coleções, e estarão mostrando que a cartofilia não é simplesmente o ajuntamento de cartolinas reproduzindo belas fotos. Em uma coleção de postais há história, geografia, urbanismo, arquitetura, modo de vida, costumes, meios de transporte e, mais importante que isso, valiosissimo material de pesquisas.

* José Carlos Daltozo coleciona postais há 15 anos, possui mais de 83.000 exemplares do mundo inteiro, tema geral. Caixa Postal 117 - 19500-000 - Martinópolis - SP

Volta ao Índice


BOLETIM DO COLECIONADOR
Nº 50 - OUTUBRO/2003 -
JOSÉ CARLOS DALTOZO - CX. POSTAL 117 - 19500-000 - MARTINÓPOLIS-SP

EDITORIAL

O final do ano promete novidades para quem gosta de livros ilustrados com cartões-postais antigos. Já está nas livrarias o novo livro dos colecionadores e diretores da ACARJ Samuel Gorberg e Sérgio Fridman intitulado MERCADOS DO RIO DE JANEIRO 1834-1962. No dia 05 de dezembro será lançado o terceiro volume da série LEMBRANÇAS DE SÃO PAULO, agora dedicado a todo o Interior Paulista. São mais de 400 reproduções de postais do final do século 19 até 1950, com a maioria das cidades paulistas servidas por Estradas de Ferro. Os autores João Gerodetti e Carlos Cornejo acreditam que esse terceiro volume terá o mesmo sucesso dos dois anteriores, sobre a capital paulista e o litoral de S.Paulo, respectivamente. Sejam bem vindos... quantos mais livros, melhor.

_________________________________________________________________________

POSTAIS E POLÍTICA

Tenho um correspondente que faz uso peculiar do cartão-postal. Ele é vereador em Vacaria-RS, não coleciona postais, mas utiliza-os nas suas férias de verão para manter contato com seus eleitores. Disse que a prática tem sido um sucesso. Por exemplo, se neste verão ele vai passar uma temporada no Rio de Janeiro, leva os endereços de todos os seus eleitores, adquire mais de 1.000 postais do Rio com diferentes imagens e envia-os de lá para os moradores de Vacaria.

_________________________________________________________________________

FLORIPA EM POSTAIS

Florianópolis, a bela capital catarinense, é bem servida em postais. Sempre há novidades nas bancas daquela cidade. Além dos lançamentos das editoras tradicionais, como Brascard e Litoarte, há editores locais especializados no assunto. Possuo na coleção postais recentes editados por Eduardo Schumacher, André Paiva, Postais Necão, Outras Palavras Editora, Gráfica Rocha e Beto Granz.

FERROVIAS

O tema ferrovias, trens e estações ferroviárias desperta a curiosidade dos colecionadores. Muitas cidades estão preservando suas estações ferroviárias para fins culturais, dando a elas nova vida. Nos postais esses assuntos também estão em moda, como os recentemente editados por Luíz Rubens Bonfim, com locomotivas do Nordeste. Ele também já escreveu um livro sobre trens na região. O endereço dele é Av. Apolônio Sales, 840 - 48608-100 - Paulo Afonso - BA. No site da MEMÓRIA DO TREM, www.trem.org.br, poderão ser obtidas informações sobre três livros editados por essa entidade. Outro que lançou seu terceiro livro recentemente foi o pesquisador Ralph Giesbrecht, denominado "Caminho para Santa Veridiana - As ferrovias em Santa Cruz das Palmeiras". Escreva para HR Pesquisas Históricas, Rua Hungria, 664 - conjunto 82 - 01455-000 - São Paulo - SP.

_________________________________________________________________________

FEIRAS E EXPOSIÇÕES

No dia 11 de outubro, sábado, acontece a tradicional FEIRA DO MANCHE em São Paulo, onde se reúnem colecionadores dos mais variados objetos (inclusive cartões-postais novos e antigos). Será no mesmo Colégio Spinosa dos anos anteriores. Em Juiz de Fora, de 16 a 31 de outubro, é a vez da XI EXCART, exposição de postais com participação de colecionadores de vários estados. Ainda dá tempo de programar uma visita à Feira do Manche (fale com Denir, fone 11. 4227.4065) ou enviar seus postais montados em painéis (cartolinas 23 X 29 cm) para Juiz de Fora (informações com Waltencir Costa, 32 - 3215-1055). Na cidade de São José-SC, vizinha a Florianópolis, acontece todos os sábados uma Feirinha de Artes e Artesanato, onde o Colecionismo também se faz presente. Fica na Av. Central, bairro Kobrasol, das 9 às 17 horas (informa o colecionador Maurício).

_________________________________________________________________________

VENDEM POSTAIS

O fotógrafo André Carvalho editou vários postais com fotos de sua autoria, da cidade de Jataí-GO Contatos E-mail sideral@sideraldigital.com.br ou Cx. Postal 15 - 75800-000 - JATAÍ - GO. A editora PAU BRASILIS, de Salvador, tem 150 modelos editados, a 0,50 cada, E-mail fehr@svn.com.br O filatelista Lister de Lima, de 90 anos, está se desfazendo de parte de seu acervo de selos, incluindo também postais antigos. Endereço: Av. Bartolomeu de Gusmão, 75 - ap. 204 - 11045-401 - Santos - SP.

_________________________________________________________________________


EXPOSIÇÃO AFRICANA

Andando pelo centro de São Paulo encontra-se de tudo: exposições gratuítas, músicos se apresentando em saguões de empresas etc. Outro dia, no saguão da Biblioteca Mário de Andrade, presenciei uma exposição sobre alguns países africanos onde estavam expostos mais de uma centena de postais do fotógrafo Edmond Fortier. Ele fotografou e produziu postais de 1900 até morrer em 1928. São fotos de beleza ímpar da Guiné, Senegal, Nigéria, Costa do Marfim, Sudão (atual Mali) etc. Um dos textos da exposição dizia: "Suportes da História, estas imagens ultrapassam a visão do pitoresco e do exótico e formam um patrimônio documentário, científico e plástico considerável".

_________________________________________________________________________

VENDAS SOB OFERTAS

Cleber José Coimbra informa que está realizando mais uma Venda sob Ofertas de selos, moedas, cartões telefônicos e postais, até 07 de novembro. Informações sobre lotes e valores: cleberjcoimbra@uol.com.br ou SQN 315 - Ap.305 - Bloco A - 70774-010 - Brasília - DF

_________________________________________________________________________


POSTAIS GRÁTIS

PREFEITURA DE CORUPÁ - SC - Av. Getúlio Vargas, 443 - 89280-000 - 6 postais

PREFEITURA DE RIO NEGRINHO-SC - a/c Amaury Estorillo - e-mail pmrng@uol.com.br - 10 postais

HOTEL DALL'ONDER LTDA - Rua Erny Hugo Dreher, 197 - 95700-000 - Bento Gonçalves - RS - 2 postais

PREFEITURA TREZE TÍLIAS - SC - a/c Bernardo Moser -Praça Min. Andreas Thaler, 25 - 89650-000 - 4 postais

PREFEITURA DE BALSAS - MA - a/c Adilson Gonçalves Netto - Praça Prof. Joca Rêgo, 121 - 65800-000 - 7 postais

PS - Se o leitor conhecer endereços de outras prefeituras, entidades de turismo e consulados ou empresas que enviam postais grátis, favor me informar o e-mail ou endereço completo.

Volta ao Índice


LIVROS SOBRE CARTÕES-POSTAIS

Autor: *José Carlos Daltozo

Os colecionadores estão tendo, ultimamente, boas e constantes surpresas com os lançamentos de ótimos livros em que os cartões-postais antigos são o principal ingrediente, principalmente os postais editados de 1880 a 1950.

São livros que tem como tema personagens históricos, políticos, artísticos, ou um bairro ou cidade brasileira, ou até mesmo uma região ou um determinado meio de transporte. Os autores estão descobrindo que a utilização do cartão-postal antigo é vital para o sucesso do livro, pois geralmente eles retratam imagens únicas, de momentos importantes da vida nacional que não há registros em outros meios de comunicação.

Mesmo porque, naquela época, os jornais e as revistas não eram ilustrados, por isso a foto avulsa, industrializada, do cartão-postal passava de mão em mão, circulava entre as pessoas e as cidades, mostrando muitas vezes não só as belas paisagens e os belos edifícios, mas também eventos naturais como enchentes, maré alta, vendavais... e acidentes urbanos, como colisões entre bondes e carroças, entre trens Maria-fumaça e pedestres ou veículos, ou trabalhadores avulsos, feirantes, artesãos etc. Hoje, os registros contidos nesses postais antigos são extremamente valiosos para os estudiosos e pesquisadores.
Certamente mais de cinqüenta livros de arte foram lançados em 2002, em que dezenas de postais temáticos fazem parte da iconografia.

Mas vamos tratar aqui só de livros que sejam exclusivamente sobre postais, como os cinco mencionados abaixo:

A exemplo da capital e do litoral paulista, que já foram tema de dois excelentes livros ilustrados com postais antigos, o interior de São Paulo será retratado no terceiro volume da série editada pelo colecionador João Emilio Gerodetti e pelo jornalista Carlos Cornejo. Eles estão se esmerando para que, ainda em 2003, esse terceiro volume esteja nas livraras. O primeiro livro da dupla, denominado LEMBRANÇAS DE SÃO PAULO - A CAPITAL PAULISTA EM CARTÕES-POSTAIS E ÁLBUNS DE LEMBRANÇAS, já está na quarta edição, e reproduz mais de 400 postais. O segundo volume, com título semelhante, só alterando para O LITORAL PAULISTA..., também teve ótima aceitação no mercado editorial.

Em meados de 2002 dois livros mereceram destaque. O primeiro foi "A PROPAGANDA NO BRASIL ATRAVÉS DO CARTÃO-POSTAL 1900-1950", de autoria do colecionador carioca Samuel Gorberg, reproduzindo 1.908 postais em 408 páginas, divididos por temas como hotéis, produtos, lojas, costumes etc... e o livro POSTAES DO BRAZIL - 1893/1930, do fotógrafo e colecionador Pedro Karp Vasquez, mostrando 240 postais pertencentes a doze colecionadores brasileiros, mapeando todos os Estados brasileiros, sendo que alguns foram reproduzidos em página dupla, para que o leitor aprecie os detalhes da foto.

E outro ótimo livro chegou às livrarias no final de 2002, mapeando todos os fotógrafos brasileiros de 1833 a 1910, muitos deles também especialistas em produzir cartões-postais que ilustram inúmeras páginas do livro. É um livro com 408 páginas, chamado DICIONÁRIO HISTÓRICO-FOTOGRÁFICO BRASILEIRO, de autoria do colecionador de postais e professor da USP, Boris Kossoy.

Tais livros não são baratos, pois são chamados livros de arte, capa dura, papel couchê, ilustrados com reproduções de alta qualidade gráfica. Mas não podem faltar na biblioteca do verdadeiro colecionador.

Informações sobre os livros mencionados: João Gerodetti - 0..11.9901.0700 (celular); Livro do Samuel 0..21.2242.3687, com Raimundo; Livro do Pedro Karp, fone 011.3672.0355, na editora Metalivros e livro do Kossoy, 0..11.3371.4455, no Instituto Moreira Salles.

* José Carlos Daltozo coleciona postais há 15 anos, possui mais de 83.000 exemplares do mundo inteiro, tema geral. Caixa Postal 117 - 19500-000 - Martinópolis - SP

Volta ao Índice


O MUNDO EM RETÂNGULOS DE PAPEL

Autor: José Carlos Daltozo

À primeira vista são simples retângulos de papel, mas eles tem mais de um século de história, exatamente 134 anos de uma vida muito atribulada. São conhecidos no mundo todo, desde Anchorage, no Alasca, até Punta Arenas, no Chile. Ou de Oslo, na Noruega, a Adelaide, na Austrália. Estamos falando do cartão-postal, essa invenção simples que nasceu em 1869, idealizada pelo professor Emmanuel Hermann, na Áustria.

Em poucos anos se espalhou pelo mundo, chegando ao Brasil em 1880. No início não continha fotos ou desenhos, eram simples cartolinas pré-seladas onde se podia escrever a mensagem a descoberto, ou seja, sem a utilização de envelopes. Excelente veículo para mensagens curtas, pequenas notícias, boas lembranças e pequenos avisos, nasceu práticamente na mesma época do telefone mas, com este era raro e caro, passou a ser o meio mais simples e eficiente de comunicação entre as pessoas.

E alguns anos depois, quando começou a mostrar, numa das faces, desenhos e fotografias, sua popularidade aumentou e passou a ser objeto de colecionamento. A época áurea do cartão-postal foi no início do século XX, de 1900 a 1930. Hoje ele continua muito utilizado como meio de propagar fotos de cidades, belas paisagens, igrejas, praias e empreendimentos turísticos os mais variados, como hotéis, pousadas e resorts. Antigos ou modernos, os postais constituem valioso recurso para os pesquisadores de história, geografia, artes, arquitetura, meios de transporte, modo de vida, usos e costumes de povos e países.

Esses simples retângulos de papel são, portanto, instrumentos de preservação da memória dos homens e suas realizações, e da vida animal e vegetal. Uma coleção de postais é uma verdadeira janela para o mundo. Além disso é uma excelente terapia para o atribulado ser humano da atualidade, ajudando-o a combater o stress da vida moderna. Uma espécie de fuga, uma viagem sem passaporte, sem pesadas malas, sem a confusão de rodoviárias e aeroportos.

Também pode ser objeto de estudo sociológico, como o realizado pelo escritor pernambucano Gilberto Freyre em seu livro "Alhos e Bugalhos". Ele dedicou 16 páginas a um ensaio sobre o cartão-postal do início do século na Amazônia, mais especificamente sobre os postais remetidos daquela região para Portugal.
Tudo começou quando ele visitava a Feira da Ladra, em Lisboa, e encontrou vários postais à venda numa barraquinha de antiguidades. Mostravam a Amazônia brasileira na época áurea da borracha. Sua atenção foi despertada para as paisagens que não mais existiam mas, principalmente, pelo conteúdo sociológico das mensagens escritas no verso. Ou seja, os imigrantes portugueses que vieram fazer a América, escrevendo para seus conterrâneos sobre a aventura no Inferno Verde.

Freyre, sem ser colecionador, passou a admirador do cartão-postal. O colecionador, na maioria das vezes, está à procura do aspecto pictório, do interesse histórico de um postal. Mas para o sociológo interessava mais o que pensava o imigrante vivendo no começo do século XX no "calor tropical da Amazônia, numa aventura em ambiente tão diverso do rotineiramente europeu de suas aldeias minhotas, ou do Porto, ou de Lisboa".

Esses imigrantes descreviam o que encontravam no novo lar, as árvores gigantescas, os rios infindáveis, as belezas dos teatros de Manaus e Belém, o movimento dos portos e até, num deles, o remetente exaltava a maravilha do banho diário e o uso do chuveiro, ainda pouco conhecido nas províncias portuguêsas.
Gilberto Freyre finaliza seu trabalho dizendo que "dos postais que consegui juntar para uma pequena análise, as informações conservadas nesses veículos simples e até frívolos e brejeiros de comunicação, não consta nenhum que confessasse fracassos. Ou contasse lamúrias e decepções. Isso não quer dizer que tais fatos não tenham ocorrido com os imigrantes portugueses, mas como o cartão-postal é algo festivo, colorido, lúdico, há uma incompatibilidade do seu uso para mensagens negativas. Todos os que se dispunham a comprar postais e escrever para seus parentes, o faziam com a euforia do triunfador".

* José Carlos Daltozo é colecionador de cartões-postais, tem mais de 80.000 exemplares em seu acervo, do mundo inteiro - Aceita doações de cartões-postais.
Caixa Postal, 117 - 19500-000 - Martinópolis - SP

Volta ao Índice


CARTÕES-POSTAIS PARA OS AMIGOS

Autor: José Carlos Daltozo

Enviar cartões-postais aos amigos e parentes é uma das atividades mais prazerosas de uma viagem. Talvez seja uma forma de perpetuar o belo momento que estamos vivendo, ou aquela paisagem maravilhosa que estamos pisando, ou o fantástico edifício histórico que acabamos de visitar, e queremos compartilhá-los com nossos entes queridos. Talvez, até, enviamos postais com uma pontinha de sadismo, como a dizer aos que ficaram o que eles estão perdendo por não ter viajado.

Para quem recebe o postal também é uma satisfação enorme saber que foi lembrado em terras tão distantes, e não há como não ficar com um pouco de inveja e sonhar de um dia visitar o local mostrado no cartão.
Postais e viagens, dois companheiros inseparáveis. Conheço pessoas que não colecionam postais mas compram vários, nas cidades que visitam, para guardar junto aos álbuns de fotos. Ou seja, ele volta com centenas de fotografias das viagens, mas também compra postais, principalmente de vistas aéreas, para melhor situar onde esteve, para visualizar melhor os locais por onde passou, para mostrar aos amigos e familiares com riqueza de detalhes tudo o que viu.

Outro dia, lendo um livro de viagens de Osman Lins, chamado "Marinheiro de Primeira Viagem", encontrei um trecho que o autor relata exatamente esse dilema: como enviar o melhor postal, aquele que melhor retrata o que queremos dizer aos amigos. O autor estava relatando sua viagem ao sul da Itália, mais precisamente por Nápoles, Capri e Sorrento.

Vejamos o que escreveu:

"Novamente na barca, a caminho de Sorrento, reflete sobre um dos grandes mistérios da vida. Por que enviais, para diferentes amigos, cartões-postais diferentes? Por tolice? Por irreflexão? Por tentardes dividir, equitativamente, como nas histórias de aventura, iguais pedaços de um mapa que jamais será reconstituído? Porque achais um desperdício adquirir oito cartões idênticos, quando podeis, com o mesmo preço, comprar oito vistas diferentes? Ou porque, por natureza, sois avessos à repetição? Será talvez um jogo inconsciente, no qual estabeleceis relações sutis entre o cartão e o caráter do destinatário?".

Eis aí toda a questão. Para um amigo que gosta de catedrais, enviaremos um postal com bela foto de Notre Dame, Vaticano, Pádua? Para outro, que gosta de natureza, uma bela paisagem dos Alpes, ou a foto de um lago do norte da Itália? Para aquele terceiro que é um gourmet, um postal com a foto de um restaurante famoso, ou de um prato típico? Mistérios, mistérios...

*José Carlos Daltozo é colecionador de cartões-postais, tem mais de 85.000 no acervo, do mundo inteiro. Caixa Postal 117 - 19500-000 - Martinópolis - SP

Volta ao Índice


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Site desenvolvido por Computação Gráfica e Design
© 2003 ABRAFITE - Associação Brasileira de Filatelia Temática. Todos os direitos reservados
.