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CARTÕES POSTAIS - POSTAL CARDS - CARTES POSTALES |
CARTOFILIA
EM EXPOSIÇÃO
BOLETIM
DO COLECIONADOR
LIVROS SOBRE CARTÕES
O MUNDO EM RETÂNGULOS DE PAPEL
POSTAIS AOS AMIGOS
Boletim do Colecionador
José Carlos Daltozo edita o Boletim do colecionador, interessante boletim eletrônico sobre Cartofilia.
Solicite
o seu pelo e-mail:
jcdaltozo@uol.com.br
CARTOFILIA EM EXPOSIÇÃO
Autor: * José Carlos Daltozo
As exposições de cartões-postais estão se multiplicando pelo Brasil afora. Esta é, sem dúvida, a melhor forma de divulgar a cartofilia para o grande público. Tomemos como exemplo o ano de 2002, quando númeras exposições ocorreram em vários estados brasileiros, mostrando pequena parte do potencial iconográfico desses minúsculos "retângulos de papel".
Em abril, por exemplo, o
colecionador Arlan Argôlo expôs 92 postais no Espaço Cultural
do Correio de Porto Velho, Rondonia, sob o tema "Brasil Regional e seu
Turismo". O Clufial - Clube Filatélico de Alagoas, por sua vez,
realizou exposição de 03 a 09 de junho na Agência Central
do Correio de Maceió, com participação de vários
colecionadores de todo o país. Para essa exposição, enviei
32 postais formando um painel sob o tema "Portos e Navios".
Na cidade de Cachoeira Paulista aconteceu, de 09 a 10 de março, a Primeira
Feira do Colecionismo, enquanto em Juiz de Fora-MG foi realizado, de 03 a 05
de maio, o 4º Encontro Nacional de Colecionadores. Em São Paulo,
dia 27 de abril, foi realizado o já tradicional evento semestral organizado
pelo Clube do Manche, um mega encontro de colecionadores, marchands e entusiastas
não só da cartofilia como de muitos outros hobbies. A Socope -
Sociedade de Colecionadores de Postais de Estádios realizou evento anual
em Curitiba-PR, no estádio de Pinheirão, dia 13.04, reunindo vários
associados.
O colecionador paulistano Cristovão Willeizka montou dezenas de painéis
tamanho 25 X 30 cm, contendo um postal antigo e um atual do mesmo local de São
Paulo. Já expôs tais painéis, sempre com sucesso e divulgado
pela imprensa, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, no Centro Cultural
da Caixa Federal na Praça da Sé e no Instituto Cultural Brasil-Estados
Unidos.
A Acarj - Associação de Cartofilia do Rio de Janeiro, mostrou
mais uma vez sua pujança ao realizar, de 02 a 18 de maio, a exposição
"Imagens do Rio Antigo em Cartões-Postais", no Espaço
Cultural da Estação Carioca do Metrô. O colecionador João
Gerodetti cedeu, em maio de 2002, vários postais antigos de sua coleção
para ilustrar a exposição comemorativa ao escritor Alcântara
Machado, na reinauguração do Centro Cultural São Paulo,
próximo à estação Vergueiro do metrô.
No segundo semestre, digno de registro foi a exposição denominada
X EXCART - Exposição de Cartões-Postais de Juiz de Fora-MG,
com a participação de 15 colecionadores de todo o país.
Nesse evento expus um painel com postais do tema "Jangadas e Jangadeiros".
E a AFNB - Associação Filatélica e Numismática de
Brasília realizou, em dezembro de 2002, a 16ª Expostal, tendo como
tema "Cartão-Postal, um olhar sobre o Mundo". Participei com
postais sobre a temática: "World Trade Center e o trágico
acontecimento de 11 de setembro de 2001".
Essas exposições e feiras denotam claramente a expansão
da cartofilia e a crescente utilização do cartão-postal
como material iconográfico de alto valor histórico, principalmente
o postal do início do século 20. Todo colecionador pode - e deve-
realizar exposições em sua cidade. Onde existir um centro cultural,
uma agência do correio, um shopping center ou até mesmo o saguão
de uma agência bancária ou colégio, são locais excelentes
para abrigarem exposições de postais. Divulgando seus acervos,
poderão inclusive conseguir doações para suas respectivas
coleções, e estarão mostrando que a cartofilia não
é simplesmente o ajuntamento de cartolinas reproduzindo belas fotos.
Em uma coleção de postais há história, geografia,
urbanismo, arquitetura, modo de vida, costumes, meios de transporte e, mais
importante que isso, valiosissimo material de pesquisas.
* José Carlos Daltozo coleciona postais há 15 anos, possui mais de 83.000 exemplares do mundo inteiro, tema geral. Caixa Postal 117 - 19500-000 - Martinópolis - SP
EDITORIAL
O final do ano promete novidades para quem gosta de livros ilustrados com cartões-postais antigos. Já está nas livrarias o novo livro dos colecionadores e diretores da ACARJ Samuel Gorberg e Sérgio Fridman intitulado MERCADOS DO RIO DE JANEIRO 1834-1962. No dia 05 de dezembro será lançado o terceiro volume da série LEMBRANÇAS DE SÃO PAULO, agora dedicado a todo o Interior Paulista. São mais de 400 reproduções de postais do final do século 19 até 1950, com a maioria das cidades paulistas servidas por Estradas de Ferro. Os autores João Gerodetti e Carlos Cornejo acreditam que esse terceiro volume terá o mesmo sucesso dos dois anteriores, sobre a capital paulista e o litoral de S.Paulo, respectivamente. Sejam bem vindos... quantos mais livros, melhor.
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POSTAIS E POLÍTICA
Tenho um correspondente que faz uso peculiar do cartão-postal. Ele é vereador em Vacaria-RS, não coleciona postais, mas utiliza-os nas suas férias de verão para manter contato com seus eleitores. Disse que a prática tem sido um sucesso. Por exemplo, se neste verão ele vai passar uma temporada no Rio de Janeiro, leva os endereços de todos os seus eleitores, adquire mais de 1.000 postais do Rio com diferentes imagens e envia-os de lá para os moradores de Vacaria.
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FLORIPA EM POSTAIS
Florianópolis, a bela capital catarinense, é bem servida em postais. Sempre há novidades nas bancas daquela cidade. Além dos lançamentos das editoras tradicionais, como Brascard e Litoarte, há editores locais especializados no assunto. Possuo na coleção postais recentes editados por Eduardo Schumacher, André Paiva, Postais Necão, Outras Palavras Editora, Gráfica Rocha e Beto Granz.
FERROVIAS
O tema ferrovias, trens e estações ferroviárias desperta a curiosidade dos colecionadores. Muitas cidades estão preservando suas estações ferroviárias para fins culturais, dando a elas nova vida. Nos postais esses assuntos também estão em moda, como os recentemente editados por Luíz Rubens Bonfim, com locomotivas do Nordeste. Ele também já escreveu um livro sobre trens na região. O endereço dele é Av. Apolônio Sales, 840 - 48608-100 - Paulo Afonso - BA. No site da MEMÓRIA DO TREM, www.trem.org.br, poderão ser obtidas informações sobre três livros editados por essa entidade. Outro que lançou seu terceiro livro recentemente foi o pesquisador Ralph Giesbrecht, denominado "Caminho para Santa Veridiana - As ferrovias em Santa Cruz das Palmeiras". Escreva para HR Pesquisas Históricas, Rua Hungria, 664 - conjunto 82 - 01455-000 - São Paulo - SP.
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FEIRAS E EXPOSIÇÕES
No dia 11 de outubro, sábado, acontece a tradicional FEIRA DO MANCHE em São Paulo, onde se reúnem colecionadores dos mais variados objetos (inclusive cartões-postais novos e antigos). Será no mesmo Colégio Spinosa dos anos anteriores. Em Juiz de Fora, de 16 a 31 de outubro, é a vez da XI EXCART, exposição de postais com participação de colecionadores de vários estados. Ainda dá tempo de programar uma visita à Feira do Manche (fale com Denir, fone 11. 4227.4065) ou enviar seus postais montados em painéis (cartolinas 23 X 29 cm) para Juiz de Fora (informações com Waltencir Costa, 32 - 3215-1055). Na cidade de São José-SC, vizinha a Florianópolis, acontece todos os sábados uma Feirinha de Artes e Artesanato, onde o Colecionismo também se faz presente. Fica na Av. Central, bairro Kobrasol, das 9 às 17 horas (informa o colecionador Maurício).
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VENDEM POSTAIS
O fotógrafo André Carvalho editou vários postais com fotos de sua autoria, da cidade de Jataí-GO Contatos E-mail sideral@sideraldigital.com.br ou Cx. Postal 15 - 75800-000 - JATAÍ - GO. A editora PAU BRASILIS, de Salvador, tem 150 modelos editados, a 0,50 cada, E-mail fehr@svn.com.br O filatelista Lister de Lima, de 90 anos, está se desfazendo de parte de seu acervo de selos, incluindo também postais antigos. Endereço: Av. Bartolomeu de Gusmão, 75 - ap. 204 - 11045-401 - Santos - SP.
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EXPOSIÇÃO AFRICANA
Andando pelo centro de São Paulo encontra-se de tudo: exposições gratuítas, músicos se apresentando em saguões de empresas etc. Outro dia, no saguão da Biblioteca Mário de Andrade, presenciei uma exposição sobre alguns países africanos onde estavam expostos mais de uma centena de postais do fotógrafo Edmond Fortier. Ele fotografou e produziu postais de 1900 até morrer em 1928. São fotos de beleza ímpar da Guiné, Senegal, Nigéria, Costa do Marfim, Sudão (atual Mali) etc. Um dos textos da exposição dizia: "Suportes da História, estas imagens ultrapassam a visão do pitoresco e do exótico e formam um patrimônio documentário, científico e plástico considerável".
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VENDAS SOB OFERTAS
Cleber José Coimbra informa que está realizando mais uma Venda sob Ofertas de selos, moedas, cartões telefônicos e postais, até 07 de novembro. Informações sobre lotes e valores: cleberjcoimbra@uol.com.br ou SQN 315 - Ap.305 - Bloco A - 70774-010 - Brasília - DF
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POSTAIS GRÁTIS
PREFEITURA DE CORUPÁ - SC - Av. Getúlio Vargas, 443 - 89280-000 - 6 postais
PREFEITURA DE RIO NEGRINHO-SC - a/c Amaury Estorillo - e-mail pmrng@uol.com.br - 10 postais
HOTEL DALL'ONDER LTDA - Rua Erny Hugo Dreher, 197 - 95700-000 - Bento Gonçalves - RS - 2 postais
PREFEITURA TREZE TÍLIAS - SC - a/c Bernardo Moser -Praça Min. Andreas Thaler, 25 - 89650-000 - 4 postais
PREFEITURA DE BALSAS - MA - a/c Adilson Gonçalves Netto - Praça Prof. Joca Rêgo, 121 - 65800-000 - 7 postais
PS - Se o leitor conhecer endereços de outras prefeituras, entidades de turismo e consulados ou empresas que enviam postais grátis, favor me informar o e-mail ou endereço completo.
LIVROS SOBRE CARTÕES-POSTAIS
Autor: *José Carlos Daltozo
Os colecionadores estão
tendo, ultimamente, boas e constantes surpresas com os lançamentos de
ótimos livros em que os cartões-postais antigos são o principal
ingrediente, principalmente os postais editados de 1880 a 1950.
São livros que tem como tema personagens históricos, políticos,
artísticos, ou um bairro ou cidade brasileira, ou até mesmo uma
região ou um determinado meio de transporte. Os autores estão
descobrindo que a utilização do cartão-postal antigo é
vital para o sucesso do livro, pois geralmente eles retratam imagens únicas,
de momentos importantes da vida nacional que não há registros
em outros meios de comunicação.
Mesmo porque, naquela época, os jornais e as revistas não eram
ilustrados, por isso a foto avulsa, industrializada, do cartão-postal
passava de mão em mão, circulava entre as pessoas e as cidades,
mostrando muitas vezes não só as belas paisagens e os belos edifícios,
mas também eventos naturais como enchentes, maré alta, vendavais...
e acidentes urbanos, como colisões entre bondes e carroças, entre
trens Maria-fumaça e pedestres ou veículos, ou trabalhadores avulsos,
feirantes, artesãos etc. Hoje, os registros contidos nesses postais antigos
são extremamente valiosos para os estudiosos e pesquisadores.
Certamente mais de cinqüenta livros de arte foram lançados em 2002,
em que dezenas de postais temáticos fazem parte da iconografia.
Mas vamos tratar aqui só de livros que sejam exclusivamente sobre postais,
como os cinco mencionados abaixo:
A exemplo da capital e do litoral paulista, que já foram tema de dois
excelentes livros ilustrados com postais antigos, o interior de São Paulo
será retratado no terceiro volume da série editada pelo colecionador
João Emilio Gerodetti e pelo jornalista Carlos Cornejo. Eles estão
se esmerando para que, ainda em 2003, esse terceiro volume esteja nas livraras.
O primeiro livro da dupla, denominado LEMBRANÇAS DE SÃO PAULO
- A CAPITAL PAULISTA EM CARTÕES-POSTAIS E ÁLBUNS DE LEMBRANÇAS,
já está na quarta edição, e reproduz mais de 400
postais. O segundo volume, com título semelhante, só alterando
para O LITORAL PAULISTA..., também teve ótima aceitação
no mercado editorial.
Em meados de 2002 dois livros mereceram destaque. O primeiro foi "A PROPAGANDA
NO BRASIL ATRAVÉS DO CARTÃO-POSTAL 1900-1950", de autoria
do colecionador carioca Samuel Gorberg, reproduzindo 1.908 postais em 408 páginas,
divididos por temas como hotéis, produtos, lojas, costumes etc... e o
livro POSTAES DO BRAZIL - 1893/1930, do fotógrafo e colecionador Pedro
Karp Vasquez, mostrando 240 postais pertencentes a doze colecionadores brasileiros,
mapeando todos os Estados brasileiros, sendo que alguns foram reproduzidos em
página dupla, para que o leitor aprecie os detalhes da foto.
E outro ótimo livro chegou às livrarias no final de 2002, mapeando
todos os fotógrafos brasileiros de 1833 a 1910, muitos deles também
especialistas em produzir cartões-postais que ilustram inúmeras
páginas do livro. É um livro com 408 páginas, chamado DICIONÁRIO
HISTÓRICO-FOTOGRÁFICO BRASILEIRO, de autoria do colecionador de
postais e professor da USP, Boris Kossoy.
Tais livros não são baratos, pois são chamados livros de
arte, capa dura, papel couchê, ilustrados com reproduções
de alta qualidade gráfica. Mas não podem faltar na biblioteca
do verdadeiro colecionador.
Informações sobre os livros mencionados: João Gerodetti - 0..11.9901.0700 (celular); Livro do Samuel 0..21.2242.3687, com Raimundo; Livro do Pedro Karp, fone 011.3672.0355, na editora Metalivros e livro do Kossoy, 0..11.3371.4455, no Instituto Moreira Salles.
* José Carlos Daltozo coleciona postais há 15 anos, possui mais de 83.000 exemplares do mundo inteiro, tema geral. Caixa Postal 117 - 19500-000 - Martinópolis - SP
O
MUNDO EM RETÂNGULOS DE PAPEL
Autor: José Carlos Daltozo
À primeira vista são simples retângulos de papel, mas eles
tem mais de um século de história, exatamente 134 anos de uma
vida muito atribulada. São conhecidos no mundo todo, desde Anchorage,
no Alasca, até Punta Arenas, no Chile. Ou de Oslo, na Noruega, a Adelaide,
na Austrália. Estamos falando do cartão-postal, essa invenção
simples que nasceu em 1869, idealizada pelo professor Emmanuel Hermann, na Áustria.
Em poucos anos se espalhou pelo mundo, chegando ao Brasil em 1880. No início
não continha fotos ou desenhos, eram simples cartolinas pré-seladas
onde se podia escrever a mensagem a descoberto, ou seja, sem a utilização
de envelopes. Excelente veículo para mensagens curtas, pequenas notícias,
boas lembranças e pequenos avisos, nasceu práticamente na mesma
época do telefone mas, com este era raro e caro, passou a ser o meio
mais simples e eficiente de comunicação entre as pessoas.
E alguns anos depois, quando começou a mostrar, numa das faces, desenhos
e fotografias, sua popularidade aumentou e passou a ser objeto de colecionamento.
A época áurea do cartão-postal foi no início do
século XX, de 1900 a 1930. Hoje ele continua muito utilizado como meio
de propagar fotos de cidades, belas paisagens, igrejas, praias e empreendimentos
turísticos os mais variados, como hotéis, pousadas e resorts.
Antigos ou modernos, os postais constituem valioso recurso para os pesquisadores
de história, geografia, artes, arquitetura, meios de transporte, modo
de vida, usos e costumes de povos e países.
Esses simples retângulos de papel são, portanto, instrumentos de
preservação da memória dos homens e suas realizações,
e da vida animal e vegetal. Uma coleção de postais é uma
verdadeira janela para o mundo. Além disso é uma excelente terapia
para o atribulado ser humano da atualidade, ajudando-o a combater o stress da
vida moderna. Uma espécie de fuga, uma viagem sem passaporte, sem pesadas
malas, sem a confusão de rodoviárias e aeroportos.
Também pode ser objeto de estudo sociológico, como o realizado
pelo escritor pernambucano Gilberto Freyre em seu livro "Alhos e Bugalhos".
Ele dedicou 16 páginas a um ensaio sobre o cartão-postal do início
do século na Amazônia, mais especificamente sobre os postais remetidos
daquela região para Portugal.
Tudo começou quando ele visitava a Feira da Ladra, em Lisboa, e encontrou
vários postais à venda numa barraquinha de antiguidades. Mostravam
a Amazônia brasileira na época áurea da borracha. Sua atenção
foi despertada para as paisagens que não mais existiam mas, principalmente,
pelo conteúdo sociológico das mensagens escritas no verso. Ou
seja, os imigrantes portugueses que vieram fazer a América, escrevendo
para seus conterrâneos sobre a aventura no Inferno Verde.
Freyre, sem ser colecionador, passou a admirador do cartão-postal. O
colecionador, na maioria das vezes, está à procura do aspecto
pictório, do interesse histórico de um postal. Mas para o sociológo
interessava mais o que pensava o imigrante vivendo no começo do século
XX no "calor tropical da Amazônia, numa aventura em ambiente tão
diverso do rotineiramente europeu de suas aldeias minhotas, ou do Porto, ou
de Lisboa".
Esses imigrantes descreviam o que encontravam no novo lar, as árvores
gigantescas, os rios infindáveis, as belezas dos teatros de Manaus e
Belém, o movimento dos portos e até, num deles, o remetente exaltava
a maravilha do banho diário e o uso do chuveiro, ainda pouco conhecido
nas províncias portuguêsas.
Gilberto Freyre finaliza seu trabalho dizendo que "dos postais que consegui
juntar para uma pequena análise, as informações conservadas
nesses veículos simples e até frívolos e brejeiros de comunicação,
não consta nenhum que confessasse fracassos. Ou contasse lamúrias
e decepções. Isso não quer dizer que tais fatos não
tenham ocorrido com os imigrantes portugueses, mas como o cartão-postal
é algo festivo, colorido, lúdico, há uma incompatibilidade
do seu uso para mensagens negativas. Todos os que se dispunham a comprar postais
e escrever para seus parentes, o faziam com a euforia do triunfador".
* José Carlos Daltozo
é colecionador de cartões-postais, tem mais de 80.000 exemplares
em seu acervo, do mundo inteiro - Aceita doações de cartões-postais.
Caixa Postal, 117 - 19500-000 - Martinópolis - SP
CARTÕES-POSTAIS PARA OS AMIGOS
Autor: José Carlos Daltozo
Enviar cartões-postais
aos amigos e parentes é uma das atividades mais prazerosas de uma viagem.
Talvez seja uma forma de perpetuar o belo momento que estamos vivendo, ou aquela
paisagem maravilhosa que estamos pisando, ou o fantástico edifício
histórico que acabamos de visitar, e queremos compartilhá-los
com nossos entes queridos. Talvez, até, enviamos postais com uma pontinha
de sadismo, como a dizer aos que ficaram o que eles estão perdendo por
não ter viajado.
Para quem recebe o postal também é uma satisfação
enorme saber que foi lembrado em terras tão distantes, e não há
como não ficar com um pouco de inveja e sonhar de um dia visitar o local
mostrado no cartão.
Postais e viagens, dois companheiros inseparáveis. Conheço pessoas
que não colecionam postais mas compram vários, nas cidades que
visitam, para guardar junto aos álbuns de fotos. Ou seja, ele volta com
centenas de fotografias das viagens, mas também compra postais, principalmente
de vistas aéreas, para melhor situar onde esteve, para visualizar melhor
os locais por onde passou, para mostrar aos amigos e familiares com riqueza
de detalhes tudo o que viu.
Outro dia, lendo um livro de viagens de Osman Lins, chamado "Marinheiro
de Primeira Viagem", encontrei um trecho que o autor relata exatamente
esse dilema: como enviar o melhor postal, aquele que melhor retrata o que queremos
dizer aos amigos. O autor estava relatando sua viagem ao sul da Itália,
mais precisamente por Nápoles, Capri e Sorrento.
Vejamos o que escreveu:
"Novamente na barca, a caminho de Sorrento, reflete sobre um dos grandes
mistérios da vida. Por que enviais, para diferentes amigos, cartões-postais
diferentes? Por tolice? Por irreflexão? Por tentardes dividir, equitativamente,
como nas histórias de aventura, iguais pedaços de um mapa que
jamais será reconstituído? Porque achais um desperdício
adquirir oito cartões idênticos, quando podeis, com o mesmo preço,
comprar oito vistas diferentes? Ou porque, por natureza, sois avessos à
repetição? Será talvez um jogo inconsciente, no qual estabeleceis
relações sutis entre o cartão e o caráter do destinatário?".
Eis aí toda a questão. Para um amigo que gosta de catedrais, enviaremos
um postal com bela foto de Notre Dame, Vaticano, Pádua? Para outro, que
gosta de natureza, uma bela paisagem dos Alpes, ou a foto de um lago do norte
da Itália? Para aquele terceiro que é um gourmet, um postal com
a foto de um restaurante famoso, ou de um prato típico? Mistérios,
mistérios...
*José Carlos Daltozo é colecionador de cartões-postais, tem mais de 85.000 no acervo, do mundo inteiro. Caixa Postal 117 - 19500-000 - Martinópolis - SP
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